Pedagogias de resistência devem promover a igualdade e a paz, afirma Vernor Muñoz, no Fórum Político de Alto Nível da ONU

Representante da Campanha Global pela Educação e da Education & Academia Stakeholder Group defende que nações ricas “devem abandonar a hipocrisia de promover a paz enquanto seus governos, ao mesmo tempo, permitem lucros substanciais com o comércio de arma

 

“A educação para a paz não é um convite à docilidade ou à submissão; ao contrário, ela defende a criação de ambientes que resistam à violência, à exploração e ao ódio. As pedagogias de resistência são essenciais para promover condições que conduzam a processos igualitários de tomada de decisões.”

Esse foi o alerta de Vernor Muñoz, representante da Campanha Global pela Educação e da Education & Academia Stakeholder Group – duas coalizões que a Campanha Nacional pelo Direito à Educação, do Brasil, integra –, em discurso feito nessa quinta (11/07), dentro de uma sessão oficial do Fórum Político de Alto Nível da ONU, que acontece nesta semana, em Nova York (EUA). 

O tema da sessão foi o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 16, que traz metas sobre paz, justiça e instituições eficazes, e suas interlocuções com outros ODS.

“[A educação para a paz], por sua vez, exige o estabelecimento de uma ética de igualdade que englobe uma visão robusta da igualdade de gênero e uma consciência aguçada para o envolvimento com indivíduos de todas as idades, etnias e origens religiosas”, lembra Muñoz.

O ativista costa-riquenho, que já foi Relator Especial da ONU para o Direito à Educação, respondeu à pergunta “Qual é o papel da educação na realização da paz global, no estabelecimento da justiça e no fortalecimento das estruturas institucionais?”. 

“Temos a convicção de que o aumento da violência, o autoritarismo e as ameaças à democracia devem ser abordados em suas raízes. Essa é a lógica por trás de nossa crença na educação para a paz, que tem sido historicamente associada à busca de soluções estruturais para conflitos”, disse.

“Para reduzir os fluxos financeiros e de armas ilícitos, afirmamos que as nações afluentes envolvidas devem abandonar a hipocrisia de promover a paz enquanto seus governos, ao mesmo tempo, permitem lucros substanciais com o comércio de armas.” 

Leia a declaração de Muñoz na íntegra aqui (em inglês).

Vernor Muñoz já havia participado do encontro, na quarta (10/07), que reuniu representantes da sociedade civil global e discutiu o cenário de avanço insuficiente para o cumprimento dos ODS 4 (Educação de qualidade) e do ODS 16 da Agenda 2030 da ONU para o Desenvolvimento Sustentável. A Campanha esteve presente.

A Campanha, nas figuras de Andressa Pellanda, coordenadora geral da Campanha, e Helena Rodrigues, coordenadora de monitoramento e avaliação e advocacy internacional da Campanha, incide politicamente, acompanha debates e participa da realização de eventos paralelos ao Fórum nesta semana. Veja abaixo algumas notícias sobre a atuação da Campanha no evento.
 

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(Foto: Divulgação/Campanha Global pela Educação)