Nota de Pesar

NOTA DE PESAR (PDF)

Brasil, 23 de outubro de 2023.

A Campanha Nacional pelo Direito à Educação lamenta profundamente a tragédia ocorrida na manhã de hoje, 23 de outubro de 2023, que resultou na morte de uma estudante e em três outras pessoas feridas, na Escola Estadual Sapopemba, localizada na zona leste de São Paulo. Até o momento, todas as pessoas são mulheres. 

Mais uma vez nos vemos diante da dor inimaginável dos pais e do desespero da comunidade escolar. Reflexo de um conjunto de problemas estruturais, a violência no ambiente escolar foi amplificada, especialmente nos últimos anos, por comportamentos e atitudes diametralmente opostos à construção de uma cultura de paz. O aumento de ideias e comportamentos de extrema direita entre a população, da cultura de ódio, racismo, bullying, misoginia, xenofobia e intolerância em suas mais variadas formas, contribuem diretamente para a promoção de atitudes cada vez mais violentas, seja nas escolas, ou fora delas. 

 O ataque de hoje é o 11º ataque às escolas só em 2023. Tragédias assim não são um caso isolado e, infelizmente, se somam aos ataques ocorridos em escolas desde os anos 2000, de acordo com o relatório "Ultraconservadorismo e extremismo de direita entre adolescentes e jovens no Brasil: ataques às instituições de ensino e alternativas para a ação governamental", elaborado por 11 pesquisadoras e ativistas dedicadas à educação pública e à prevenção do extremismo de direita no Brasil, organizado e entregue ao Governo de Transição por Daniel Cara, professor da FE/USP e dirigente da Campanha Nacional pelo Direito à Educação. 

A análise e as possíveis soluções para a violência nas escolas não podem se limitar à segurança pública e deve envolver toda a sociedade, incluindo a comunidade educacional. Nesse sentido, a Campanha Nacional pelo Direito à Educação elaborou o Guia sobre Prevenção e Resposta à Violência às Escolas, como forma de prevenir a violência contra e entre estudantes, sugerindo o planejamento sobre segurança nas instituições de ensino e o desenvolvimento de protocolos de segurança para intervenção como uma estratégia de resposta imediata. E recorda a importância da gestão democrática das escolas, do envolvimento da comunidade escolar e o fortalecimento das políticas de saúde mental em integração com a escola como aspectos fundamentais de prevenção a esta forma de violência. A cartilha Ação Integrada de Proteção no Ambiente Escolar, elaborada pelo Ministério da Educação, também apresenta estratégias e ações para o enfrentamento aos ataques às escolas brasileiras.

A Campanha se solidariza com os familiares, amigos, trabalhadores das instituições de ensino, profissionais da educação, estudantes e suas famílias neste momento de dor, e conclama toda a sociedade a refletir criticamente sobre o impacto negativo da disseminação da intolerância e de ações extremistas para o aumento da violência contra as escolas e contra a sociedade como um todo.

Foto: Reprodução/Google Maps