Nota de pesar
Brasil, 19 de junho de 2023.
A Campanha Nacional pelo Direito à Educação lamenta profundamente a tragédia ocorrida na manhã de hoje, 19 de junho de 2023, mais um caso de violência brutal no ambiente escolar, que resultou em uma estudante morta e em uma criança gravemente ferida no Colégio Estadual Professora Helena Kolody, em Cambé, no norte do Paraná.
Mais uma vez nos vemos diante da dor inimaginável dos pais e do desespero da comunidade escolar. Reflexo de um conjunto de problemas estruturais na sociedade brasileira, a violência no ambiente escolar foi amplificada, especialmente nos últimos quatro anos, por comportamentos e atitudes diametralmente opostos à construção de uma cultura de paz. Pessoas que tiveram suas vidas abreviadas de forma abrupta e violenta. Sonhos que nunca passarão disso, sonhos.
O aumento de ideias e comportamentos fascistas, de extrema direita entre a população, da cultura de ódio, racismo, bullying, xenofobia e intolerância em suas mais variadas formas, contribuem diretamente para um cenário propício a atitudes cada vez mais violentas na sociedade, seja nas escolas, ou fora delas. Programas como a educação militarizada, via Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares, um projeto contra a gestão democrática e contrária aos princípios que garantem o direito à Educação, coíbem o pensamento crítico, a autonomia e a cultura da paz. Aliada a esse modelo educacional extremamente retrógrado e autoritário, soma-se a política bélica propagada pelo governo Bolsonaro, que promovia o armamento da população, contrariamente aos avanços em termos de políticas de segurança pública.
O debate sobre a violência nas escolas não pode se limitar à segurança pública, os ataques que vêm ocorrendo no Brasil e os contextos em que se inserem precisam, necessariamente, ser objeto de nossa reflexão e ação, passando obrigatoriamente pelo debate sobre o fim da militarização das escolas, do desarmamento da sociedade, da ausência do Estado na promoção de uma cultura de paz, de políticas públicas da saúde mental para sua população e, fundamentalmente, é preciso uma resposta firme contra ações e discursos fascistas.
A responsabilidade de prevenir e proteger as escolas é de toda a sociedade. Nesse sentido, a Campanha Nacional pelo Direito à Educação elaborou o Guia sobre Prevenção e Resposta à Violência às Escolas, como forma de prevenir a violência contra e entre estudantes, planejamento sobre segurança nas instituições de ensino, protocolos para intervenção e resposta imediata. A cartilha Ação Integrada de Proteção no Ambiente Escolar, elaborada pelo Ministério da Educação, também apresenta estratégias e ações para o enfrentamento aos ataques às escolas brasileiras.
A Campanha se solidariza com os familiares, amigos, trabalhadores do Colégio Estadual Professora Helena Kolody, profissionais da educação, estudantes e suas famílias neste momento de dor, e conclama toda a sociedade a refletir sobre o impacto negativo da disseminação da intolerância e de ações extremistas para o aumento da violência contra as escolas e contra a sociedade.. Refletir e agir deve ser compromisso de todos.
Assina:
Andressa Pellanda
Coordenadora geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação
(Foto: Divulgação/Prefeitura de Cambé)