Caso de Monte Mor: o Brasil precisa enfrentar com urgência o extremismo de direita

Em nota pública, autoras e autor de estudo entregue à equipe de transição do Governo Federal afirmam que "urge que se implemente políticas para prevenir e enfrentar a violência contra os ambientes escolares"

 

Brasil, 15 de fevereiro de 2023.

NOTA PÚBLICA (PDF)

Caso de Monte Mor: o Brasil precisa enfrentar com urgência o extremismo de direita

No dia 13 de fevereiro de 2023, início do ano letivo escolar, as comunidades das escolas “Escola Estadual Professor Antonio Sproesser” e “Escola Municipal Vista Alegre” - localizadas em Monte Mor, região da Grande Campinas (SP) - foram vítimas de um episódio de extremismo de direita: um jovem de 17 anos, armado com uma machadinha, trajando roupas pretas e uma braçadeira com a suástica nazista, explodiu dois artefatos caseiros na fachada do prédio onde funcionam as duas unidades escolares. Há menos de dois meses, um caso emblemático com desfecho trágico ocorreu em duas escolas do município de Aracruz (ES). Um jovem de 16 anos também portando uma braçadeira nazista planejou  e executou atentados que resultaram em 4 mortes e 13 feridos.

Esses dois episódios sinalizam o crescimento do extremismo de direita entre adolescentes e jovens, cuja expressão tem sido o cometimento de crimes de ódio especialmente direcionados às instituições e comunidades escolares.

Em relatório apresentado à equipe de transição governamental em dezembro de 2022 sob o título de “O ultraconservadorismo e extremismo de direita entre adolescentes e jovens no Brasil: ataques às instituições de ensino e alternativas para a ação governamental”, demonstramos com preocupação o fato de que esses casos de violência às escolas têm se tornado cada vez mais frequentes. 

Dentre os 17 ataques que já ocorreram no Brasil desde os anos 2000, quatro aconteceram no segundo semestre de 2022 e um no primeiro semestre de 2023. Como consequência, 35 brasileiras e brasileiros perderam suas vidas e 72 foram feridas e feridos.

Urge que se implemente políticas para prevenir e enfrentar a violência contra os ambientes escolares e estamos à disposição para colaborar na construção de alternativas.

E fica reiterado nosso alerta, desde a transição governamental: a cooptação de jovens pela extrema direita tem se intensificado no Brasil, com o objetivo de estabelecer um clima de terror - especialmente em escolas - e  colocando vidas em risco, em especial de meninas, mulheres e pessoas negras.

Assinam: Andressa Pellanda, Catarina de Almeida Santos, Claudia Maria Dadico, Daniel Cara, Fernanda Rasi Madi, Fernanda T. Orsati, Juliana Meato, Letícia Oliveira, Lola Aronovich, Luka Franca, Marcele Frossard e Paola da Costa Silveira.

 

(Foto: Reprodução/EPTV Campinas)