Nota de Pesar

A Campanha Nacional pelo Direito à Educação lamenta profundamente a tragédia ocorrida na manhã de hoje que resultou em três mortes e 11 pessoas feridas, em tiroteio ocorrido em escolas de Coqueiral de Aracruz/ES

 

NOTA DE PESAR (PDF)

 

Brasil, 25 de novembro de 2022.

 

A Campanha Nacional pelo Direito à Educação lamenta profundamente a tragédia ocorrida na manhã de hoje, 25 de novembro de 2022, que resultou em três mortes e 11 pessoas feridas, em tiroteio ocorrido em Coqueiral de Aracruz/ES, na Escola da Rede Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Primo Bitti, e na escola particular, Centro Educacional Praia de Coqueiral (CEPC). Após os ataques o atirador fugiu e, até o momento, não foi localizado.

Embora sem relação com o tiroteio, a Escola de 1º Grau Cleres Martins Moreira, no bairro São Vicente, em Também em Colatina/ES, também foi alvo de violência.

Tragédias como as de hoje, se somam às ocorridas em setembro, na Escola Municipal Eurides Sant’Anna em Barreiras/BA, e em outubro, na Escola Estadual Professora Carmosina Ferreira Gomes, no bairro Sumaré, em Sobral/CE.

Toda vez que algo assim acontece, surgem nos meios de comunicação narrativas sobre a falta de segurança e a violência nas escolas, mas não se coloca em discussão questões mais profundas e que precisam ser problematizadas se nosso objetivo é cessar com a onda de tiroteios cada vez mais frequentes nos ambientes escolares.

A violência nas escolas é reflexo de um conjunto de problemas estruturais na sociedade brasileira que têm sido amplificados por comportamentos e atitudes diametralmente opostos à construção de uma cultura de paz e estimulados por programas do atual governo como a educação militarizada, via Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares, um projeto contra a gestão democrática e contrária aos princípios que garantem o direito à Educação, transformando a escola em um espaço violento, opressor, que coíbe o pensamento crítico, a autonomia e a cultura da paz. Aliada a esse modelo educacional extremamente retrógrado e autoritário, soma-se a política bélica propagada pelo governo Bolsonaro que promove o armamento da população, contrariamente aos avanços em termos de políticas de segurança pública.

O crescimento de ideias e comportamentos fascistas, de extrema direita entre a população, de uma cultura de ódio, xenofobia e intolerância em suas mais variadas formas, contribuem diretamente para um cenário propício a atitudes cada vez mais violentas na sociedade, seja nas escolas, ou fora delas.

É inegável que o momento é de dor, de insegurança e a Campanha se solidariza com os familiares, amigos, trabalhadores das instituições de ensino, profissionais da educação, estudantes e suas famílias.

Entretanto, o debate sobre a violência nas escolas não pode se limitar à segurança pública, os ataques que vêm ocorrendo no Brasil e o contexto em que se insere precisam, necessariamente, ser objeto de nossa reflexão e ação, passando obrigatoriamente pelo debate sobre o fim da militarização das escolas, do desarmamento da sociedade, da ausência do Estado na promoção de uma cultura de paz, de políticas públicas da saúde mental para sua população e, fundamentalmente, é preciso uma resposta firme contra ações e discursos fascistas.

(Foto: Reprodução TV Record)