Campanha lança estudo “Trilha da Educação para a Justiça Ambiental: a educação democrática como raiz de uma educação ambiental crítica e do enfrentamento à crise climática” durante a Cúpula dos Povos e COP30

Publicação sistematiza diagnósticos, práticas e propostas sobre o papel da educação democrática e da educação ambiental crítica no enfrentamento à crise climática

 

A Campanha Nacional pelo Direito à Educação lança, nesta quarta-feira (12/11), durante a Cúpula dos Povos e a COP30, o estudo “Trilha da Educação para a Justiça Ambiental: a educação democrática como raiz de uma Educação Ambiental crítica e do enfrentamento à crise climática”. O evento acontece na Faculdade de Educação da Universidade Federal do Pará (UFPA), em Belém (PA).

O material propõe um novo olhar sobre a relação entre educação, meio ambiente e justiça climática, reforçando o papel da escola e da universidade como espaços de adaptação, mitigação e transformação social diante da emergência climática.

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Um mapa coletivo para a justiça ambiental

O estudo configura-se como um “mapa coletivo”, construído para apoiar escolas, universidades e comunidades a reconhecer e enfrentar os desafios impostos pela crise climática, que afeta diretamente a garantia do direito à educação a todas as pessoas. 

Ondas de calor, enchentes e queimadas interrompem aulas e agravam desigualdades, atingindo sobretudo crianças, adolescentes e grupos historicamente vulnerabilizados. O texto destaca que a educação é pilar central das respostas climáticas, ao garantir continuidade educativa, formação docente, infraestrutura resiliente e participação democrática nas decisões.

“É necessário chegar à COP30 com um projeto definido: proteger o direito à educação diante de desastres; incluir a educação ambiental crítica como política transversal; e reconhecer a escola como infraestrutura de resiliência comunitária”, afirma o estudo.

A publicação está dividida em sete eixos principais:

Apresentação e conceitos fundamentais – define justiça ambiental e educação democrática como bases para a ação educativa.

Que florestas são essas? – faz um diagnóstico crítico do panorama brasileiro atual, com discussões sobre neoliberalismo, racismo ambiental, infraestrutura escolar, diferentes realidades de cada bioma e o enfoque nas Amazônias.

Caminhar é mudar – aborda a educação democrática como território de adaptação e transformação, com análises sobre gestão democrática, educação ambiental crítica com abordagem interseccional e intersetorial, priorização sobre quem mais protege – e mais sofre –, e investimento em estrutura.

O Plano Nacional de Educação como caminho aberto – propõe diretrizes para incluir sustentabilidade e justiça ambiental no novo PNE, analisando o Eixo VII da Conae 2024, a tramitação do PNE e as propostas da sociedade civil organizada, e a urgência de incluir sustentabilidade e bem viver como pilares educacionais.

Passos firmes: boas práticas para novos caminhos – apresenta experiências em escolas do campo, indígenas, urbanas e universidades, reunindo práticas de diferentes territórios, com exemplos de escolas do campo e assentamentos agroecológicos, escolas indígenas na Amazônia, da Universidade Federal de Minas Gerais (extensão em saneamento e energias renováveis), escolas urbanas periféricas, redes e ONGs (projetos Criativos da Escola e Projeto Euetu - Grêmios e Coletivos Estudantis), e um conjunto de recomendações às casas legislativas e ao controle social.

As COPs do Clima – analisa a COP30, as perspectivas para as próximas conferências e a Cúpula dos Povos, apresentando uma leitura crítica dos espaços multilaterais de decisão.

Atividades educacionais – propõe práticas concretas para Educação Básica e Ensino Superior, oferecendo propostas pedagógicas concretas como: atividades voltadas à Educação Básica (currículo, projetos integradores e práticas interdisciplinares), e à Educação Superior (licenciaturas e extensão universitária), com orientações para aplicação do material como Recurso Educacional Aberto (REA).

Educação democrática como raiz da mudança

O material reforça que enfrentar a crise climática exige redistribuição de poder e voz, reconhecendo comunidades tradicionais, quilombolas, indígenas e periféricas como protagonistas da proteção dos biomas. A “trilha” proposta é tanto pedagógica quanto política: convoca a educação brasileira a se colocar no centro da justiça ambiental e a repensar currículos, infraestruturas e processos participativos à luz da emergência climática.

“Nada disso se sustenta sem direitos e sem democracia. A educação é o espaço onde podemos aprender a reconstruir o planeta juntos, com justiça, escuta e participação”, resume o texto.

 

FICHA TÉCNICA

Trilha da Educação para a Justiça Ambiental: a educação democrática como raiz de uma Educação Ambiental crítica e do enfrentamento à crise climática

Organização e pesquisa: Andressa Pellanda, Danielle Bambace e Marcele Frossard

Colaborações de especialistas: Alva Rosa, Avanildo Duque da Silva, Carlos Alberto Marques, Dionara Soares Ribeiro, Katerina Volcov, Letícia Carneiro, Luana Pommé Ferreira da Silva, Maria Homem, Priscila Gonsales, Rosana Gemaque Rolim, Salomão Antônio Mufarrej Hage e Valter de Jesus Leite

Comunicação: Renan Simão, Rael Teixeira e Malu Vidal

Capa e design editorial: Samanta Coan

Participaram do lançamento as/os seguintes especialistas e parlamentares:

Deputado Federal Pedro Uczai (PT/SC)

Deputada Federal Sâmia Bomfim (PSOL/SP)

Maria Homem - psicanalista, pesquisadora do Núcleo Diversitas FFLCH/USP

Alva Rosa Tukano - integrante do Fórum Nacional de Educação Escolar Indígena (FNEEI)

Andressa Pellanda - coordenadora geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação 

- Avanildo Duque da Silva - coordenador de sustentabilidade e articulação da Campanha Nacional pelo Direito à Educação

- Betinho Pereira da Silva - assessor de articulação da Campanha Nacional pelo Direito à Educação

- Danielle Bambace - assessora de projetos da Campanha Nacional pelo Direito à Educação

Israel Coelho - assistente de programas da Campanha Latino-Americana pelo Direito à Educação

João Colares da Mota Neto - Professor da Universidade do Estado do Pará (UEPA), coordenador da Rede de Pesquisa sobre Pedagogias Decoloniais na Amazônia

- Letícia Carneiro - professora da Secretaria Municipal de Educação de Belém/PA e da Secretaria de Estado de Educação do Pará, coordenadora do Comitê PA da Campanha

- Rosana Maria Gemaque Rolim - Professora Titular da Universidade Federal do Pará (UFPA), fundadora e coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisas em Financiamento da Educação Básica (GEFIN/ICED/UFPA)

Prof. Dr. Salomão Hage - Professor Permanente da Linha de Pesquisa Educação, Linguagens e Interculturalidade na Amazônia, do Programa de Pós-Graduação em Linguagens e Saberes na Amazônia (PPLSA) da Universidade Federal do Pará (UFPA)

Thais Bonato - Instituto de Desenvolvimento e Direitos Humanos (IDDH), coordenador do Coletivo RPU Brasil