Nota de pesar

Expressamos consternação diante da tragédia ocorrida na tarde de sexta (07/07) que culminou na perda de um estudante da Escola Municipal Ferreira Itajubá, de Natal (RN)

 

Nota de Pesar (PDF)

 

É com profundo pesar que a Campanha Nacional pelo Direito à Educação expressa sua consternação diante da tragédia ocorrida na tarde de sexta-feira, 7 de julho de 2023. Lamentamos mais um episódio de violência no ambiente escolar, que culminou na perda de um estudante da Escola Municipal Ferreira Itajubá, localizada em Quintas, bairro de Natal, capital do Rio Grande do Norte.

Esses acontecimentos refletem questões estruturais da sociedade brasileira, que a Campanha tem atentado como no relatório “O extremismo de direita entre adolescentes e jovens no Brasil: ataques às escolas e alternativas para a ação governamental”. A violência no ambiente escolar tem se agravado, sobretudo nos últimos quatro anos, devido a comportamentos e atitudes que estão diametralmente opostos à construção de uma cultura de paz. 

O incremento de ideologias e comportamentos fascistas, de extrema direita, assim como a disseminação de uma cultura de ódio, racismo, bullying, xenofobia e intolerância em suas múltiplas manifestações, contribuem diretamente para um cenário propício a ações cada vez mais violentas em nossa sociedade, tanto dentro quanto fora das escolas. Programas como a militarização da educação, exemplificados pelo Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares, que se opõem aos princípios que garantem o direito à educação e à gestão democrática, inibem o pensamento crítico, a autonomia e a promoção da paz.

A esse modelo educacional profundamente retrógrado e autoritário, soma-se a política pró-armamento promovida pelo governo anterior de Jair Bolsonaro. O debate sobre violência às escolas não pode se limitar à segurança pública. Os ataques que têm assolado o Brasil e os contextos nos quais se inserem exigem uma reflexão profunda e a adoção de medidas efetivas. Isso implica, necessariamente, discutir o fim da militarização das escolas, o desarmamento da sociedade, a presença ativa do Estado na promoção de uma cultura de paz, a implementação de políticas públicas voltadas à saúde mental da população e, acima de tudo, uma resposta firme contra ações e discursos fascistas.

A responsabilidade de prevenir e proteger as escolas é compartilhada por toda a sociedade. Nesse sentido, a Campanha Nacional pelo Direito à Educação desenvolveu o Guia sobre Prevenção e Resposta à Violência nas Escolas, visando combater a violência às escolas, estabelecer diretrizes para a segurança nas instituições de ensino e definir protocolos para intervenção e resposta imediata. Adicionalmente, a cartilha "Ação Integrada de Proteção no Ambiente Escolar", elaborada pelo Ministério da Educação, apresenta estratégias e ações para enfrentar os ataques direcionados às escolas brasileiras. 

Neste momento de profunda tristeza, a Campanha manifesta sua solidariedade aos familiares, amigos, trabalhadores da Escola Municipal Ferreira Itajubá, profissionais da educação, estudantes e suas famílias, conclamando toda a sociedade a refletir sobre o impacto negativo da disseminação da intolerância e das ações extremistas que contribuem para o aumento da violência nas escolas e na sociedade em geral. Refletir e agir devem ser compromissos assumidos por todos.

Atenciosamente,

Andressa Pellanda

Coordenadora Geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação


(Foto: Reprodução/Google)