Tecnologia deve ser regulada e servir ao direito à educação, diz Campanha no C20 Índia
Pela inclusão digital, a tecnologia deve ser disponibilizada a todas as pessoas nas escolas brasileiras, dentro da perspectiva do direito à educação e respeitando os Princípios de Abidjan.
Esse foi um dos pontos centrais defendidos pela Campanha Nacional pelo Direito à Educação durante a Conferência Civil20 Índia, que aconteceu na cidade de Coimbatore entre os dias 12 e 14 de maio.
Marcele Frossard, assessora de programa e políticas sociais da Campanha, representou o movimento em debates sobre desenvolvimento sustentável e combate às desigualdades, em especial, no encontro “Tecnologia e Segurança para um Único Mundo”.
O acesso e uso de novas tecnologias foram debatidas pelo prisma de como garantir privacidade e segurança para os usuários e transparência para assegurar que o Poder Público implemente essas mudanças de acordo com os direitos dos usuários.
Também foram discutidos os impactos da popularização da inteligência artificial, e o crescimento da desinformação na sociedade - assuntos centrais que afetam a construção de políticas educacionais.
“É fundamental que as políticas públicas de aquisição de tecnologia e conectividade para as escolas públicas respeitem a legislação vigente no Brasil, garantindo o direito à educação e evitando processos de privatização. Por isso, a Campanha Nacional pelo Direito à Educação chama atenção para a necessidade de espaços de participação da sociedade civil para o debate sobre tecnologia e conectividade, atuando para que as tecnologias sejam instrumentos de redução da desigualdade e não o inverso”.
Participaram do encontro com Marcele:
- Vint Cerf, um dos visionários da internet, atuou como “evangelista-chefe da internet” para o Google;
- Nguyen Anh Tuan, diretor-executivo do Fórum Global de Boston;
- Krishnashree Achuthan, reitora de Programas de Pós-Graduação em Amrita Vishwa Vidyapeetham
- Dhayalan Matthew Chetty, gestor de impacto do e-Government no Conselho para a Investigação Científica e Industrial (CSIR), da África do Sul
- Vilas Dhar Presidente da Fundação Patrick J. McGovern
C20 como parte do G20
Um total de 357 delegados, representantes de 26 países e 130 delegações internacionais, participaram de 11 Grupos de Engajamento oficiais do G20, que fornece uma plataforma para Organizações da Sociedade Civil (OSC) em todo o mundo expressarem as prioridades para questões como desenvolvimento sustentável e combate às desigualdades aos líderes mundiais.
Ao todo, 14 grupos de trabalho são constituídos no Civil20 para facilitar o compartilhamento de ideias entre os Estados-membros do G20. Esses grupos ainda se reunirão em várias cidades indianas até o fim do ano para discutir temas como educação, saúde, tecnologia, meio ambiente, artes e ofícios, democracia, direitos humanos e desenvolvimento sustentável.
Abrindo a cerimônia de abertura do encontro, a presidente da Civil20 Índia, Amritanandamayi Devi, disse que as pessoas experimentam dois tipos de pobreza no mundo: “a primeira é a pobreza de comida e abrigo e a segunda é a pobreza de amor e compaixão” e que “uma mistura saudável de diversidade é essencial para o florescimento da cultura humana”. Lembrando, por fim, que “desde os tempos antigos ‘o mundo é uma família’ tem sido o mantra do solo indiano. Ainda é hoje e continuará a ser no futuro”.
Em seu discurso, durante a cerimônia, Alessandra Nilo, da Gestos, destacou que a sociedade civil é extremamente importante para o presente e o futuro da humanidade. “Estamos aqui para mostrar que nosso caminho de civilização pode ser diferente e que o mundo pode ser um lugar mais justo para se viver”, comentou; “por meio do C20, temos trabalhado incansavelmente para apresentar soluções […] visando defender os bens públicos e a natureza, apresentando recomendações para implementar nosso sonho e nosso direito de um dia viver em uma sociedade mais simétrica, sem essa insultuosa desigualdade econômica que vemos entre os países do G20 e dentro dos países do G20”.
O comitê de trabalho do C20 Índia promoveu quatro sessões plenárias (1 – Equilibrando o Desenvolvimento com o Meio Ambiente; 2 – Organizações da Sociedade Civil e Promoção dos Valores Humanos; 3 – Papel da Sociedade Civil na Promoção do Desenvolvimento Humano e 4- Organizações da Sociedade Civil como Motrizes de Inovação e Tecnologia); cada uma das discussões cobriu as atividades de um conjunto de grupos de trabalho de áreas correlatas.
As ideias debatidas serão incluídas na proposta final, que será apresentada na cúpula do C20 a ser realizada em Jaipur, nos dias 30 e 31 de julho.