Amazonas, Bahia e Rio de Janeiro recebem pré-estreia de série sobre educação antirracista no Brasil
Nesta quarta-feira (06/04), o território indígena Parque das Tribos, em Manaus (AM), a comunidade Quilombo Rio dos Macacos, em Salvador (BA) e o Complexo de Favelas da Maré, no Rio de Janeiro (RJ) recebem a pré-estreia da série “Seta - Caminhos Possíveis: por uma educação antirracista”, produção audiovisual inédita composta por quatro episódios que abordam a importância da educação antirracista no Brasil a partir das perspectivas indígena, quilombola e periférica. A ação ocorrerá em horários diferentes nos três locais: às 14h, na Garagem do Quilombo Rio dos Macacos, às 17h, na Lona Cultural da Maré e às 19h, na Maloca Parque das Tribos.
A série é uma parceria do Projeto Seta com a Fundação Roberto Marinho e o Canal Futura e conta com depoimentos de moradores dos três territórios, que compartilharam suas vivências: Alva Rosa, Vanessa Vasconcelos, Naditália Kelly, Maurile Jeritz Jacinto, Ana Claudia Martins, Vivian Torres Barreto; Pâmela Carvalho, Rodrigo, Lucas Buda, Nijah, Helena Edir; Dona Olinda, Rosimeire Silva, Juliana Costa, Taiana dos Santos, Franciele Silva e José Rosalvo. A produção traz ainda uma análise de especialistas sobre o tema no Brasil. Os episódios estarão disponíveis no Globoplay e no Canal Futura até a primeira quinzena de maio.
Destaque e voz para territórios marginalizados na sociedade
Pesquisadora, ativista, moradora do Complexo da Maré e uma das personagens da série, Pâmela Carvalho, fala sobre a possibilidade de poder contar suas experiências pessoais e de trabalho. “A série fala sobre os territórios que são muito importantes, fundamentais na prática da educação antirracista, mas, muitas vezes não são reconhecidos na sociedade. Praticar a educação antirracista a partir de um lugar que não é necessariamente acadêmico, são pontos relevantes, uma vez que a série percorre territórios que são marginalizados na sociedade”, destaca Pâmela.
Franciele Silva, universitária e moradora do Quilombo Rio dos Macacos, conta que um dos pontos positivos em ter participado da produção foi a oportunidade de dar destaque ao dia a dia de trabalho dos moradores de sua região. “Dar visibilidade a luta do nosso território, a nossa trajetória de vida é muito importante e, ainda, poder mostrar o quão difícil foi chegarmos aonde estamos hoje, pois enfrentamos muitas dificuldades para estudar e essa série trará um pouco disso nas nossas falas”, comenta Franciele. Naditália Kelly, universitária, comenta que as piadas sobre sua origem sempre foram presentes e, por isso, a importância da educação antirracista. “Na infância soube lidar com os comentários, mas, no Ensino Médio, essas falas começaram a ser mais violentas, como crescer ouvir que eu não era bonita o suficiente, por exemplo. E demorou anos para eu achar que todas as minhas características são bonitas. Quando fui para a faculdade descobri um outro mundo, onde me senti mais acolhida”.
No quarto episódio, o/as especialistas Jefferson Barbosa, da Rede PerifaConecction, Alva Rosa, professora e integrante da Makira E’ta e Vilma Reis, socióloga, ativista e conselheira do Projeto Seta são os responsáveis pelas reflexões. A narração fica por conta do ator e ativista, Júnior Vieira. Para ele, alcançar um sistema de educação público antirracista é fundamental termos escolas livres de violência, justas e transformadoras, que respeitem as diferenças e possibilitam acesso aos saberes do Brasil.
O Projeto Seta (Sistema de Educação por Uma Transformação Antirracista) é uma aliança inovadora, com sete organizações da sociedade civil nacional e internacional: ActionAid, Ação Educativa, Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ), Geledés - Instituto da Mulher Negra, Makira-E'ta e a Uneafro Brasil. O Seta ainda é um dos finalistas da ação global da Fundação Kellogg para promoção da equidade racial (Racial Equity 2030).
Saiba mais em: http://projetoseta.org.br