CGE: Declaração sobre a tomada do Afeganistão pelo Talibã

Campanha Global pela Educação afirma em nota que o direito à educação de mulheres, meninas e pessoas com deficiência está em perigo no país do Oriente Médio

 

A Campanha Nacional pelo Direito à Educação, do Brasil, reproduz abaixo nota da Campanha Global pela Educação, da qual é integrante.

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Após a tomada do Afeganistão pelo Talibã, a Campanha Global pela Educação (CGE) está muito preocupada com o impacto na proteção dos direitos humanos e o número crescente de pessoas deslocadas dentro e fora das fronteiras nacionais.

O número de pessoas deslocadas este ano no Afeganistão aumentou para 550.000 e nos últimos três dias, a equipe da ACNUR (Agência da ONU para Refugiados) estima que cerca de 120.000 pessoas chegaram a Cabul em busca de segurança.

Isso não apenas agravará a atual crise humanitária na região, mas deixará os afegãos em risco de novos abusos. Em particular, meninas, mulheres e todos aqueles que não compartilharem suas opiniões políticas serão mais vulneráveis.

Em geral, os avanços dessas comunidades na construção de uma sociedade democrática, em que a voz de todos é importante e em que meninas e mulheres possam estudar e desfrutar das liberdades básicas, podem ser destruídas não apenas pela tomada do poder por parte do Talibã, mas também por causa do fracasso da comunidade internacional em proteger seus direitos.

As imagens que estamos vendo agora na mídia internacional falam por si próprias. Centenas de civis estão tentando desesperadamente embarcar em aviões militares.  Espera-se que as Forças Armadas protejam os civis, mas em muitos casos estão deixando-os para trás ou perpetrando injustiças contra eles.

A CGE apela a todas as partes envolvidas e à comunidade internacional para que apoiem as instituições democráticas do Afeganistão e garantam o restabelecimento de condições que assegurem o pleno estado de direito e o respeito pelos direitos humanos, incluindo o direito à educação para mulheres, meninas e pessoas com deficiência.

Em particular, todas as partes devem respeitar e proteger as liberdades fundamentais das mulheres, meninas e grupos de minorias étnicas, incluindo sua liberdade de movimento, liberdade de opinião, expressão e identidade, bem como o seu direito à educação e aprendizagem ao longo da vida, sem as quais ninguém pode viver com dignidade.

A CGE acredita firmemente que investir em educação, ao invés de militarizar, irá construir uma sociedade sustentável e inclusiva. Acreditamos que educar meninas e mulheres é fundamental para alcançar uma sociedade equitativa e democrática.

Expressamos nossa solidariedade ao povo afegão e, em particular, às organizações de membros da sociedade civil da Campanha Global pela Educação.

(Foto: Human Rights Watch)