60% das crianças ouvidas por pesquisa afirmam ter dificuldade de acesso à internet para poder estudar
Pesquisa A Voz Dos Alunos, realizada pela Campanha Nacional Pelo Direito à Educação e a Visão Mundial, aponta que, com relação às dificuldades enfrentadas por crianças durante a pandemia, cerca de 58% delas relataram que têm dificuldade de acessar à internet para poder assistir às aulas e 34% apontam que enfrentam problemas com relação a materiais escolares.
A respeito do retorno às aulas presenciais, 45% das crianças declararam ter preocupações com aspectos como contaminação pelo coronavírus e não conseguir acompanhar os conteúdos. O ambiente destas crianças também foi aferido: 11% delas apontaram que sentiram fome muitas vezes e 8% responderam conviver com conflitos familiares, que prejudicam os estudos, com maior incidência desse problema entre crianças negras.
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A pesquisa ouviu 688 crianças entre março e abril deste ano, compreendendo a escuta de crianças de 7 a 11 anos, de comunidades vulneráveis e matriculadas na rede pública de ensino, em nove estados e 15 municípios.
As cidades pesquisadas foram Anori (AM), Boa Vista (RR), Camaçari (BA), Caraúbas (RN), Contagem (MG), Fortaleza (CE), Jaboatão dos Guararapes (PE), Manacapuru (AM), Manaus (AM), Nova Iguaçu (RJ), Olinda (PE), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA) e São Luís (MA).
Dentre as crianças ouvidas, cerca de 60% relataram que necessitam do apoio da escola para proteção pessoal contra uma possível contaminação com o vírus e necessitam de materiais escolares para uso diário. Do total, apenas 40% declararam adotar as quatro medidas de prevenção citadas na pesquisa (aplicação de distanciamento social, uso de máscara, utilização de álcool gel e utilização de produtos de limpeza), com destaque para as cidades de Fortaleza, Contagem e Manaus, onde a incidência da pandemia tem se apresentado de maneira mais expressiva. Outras 28% declararam adotar apenas uma das medidas de prevenção, a utilização de máscaras, com destaque para as cidades de Caraúbas e Recife. A análise dos dados gerais aponta, por parte das famílias, baixo acesso a produtos de limpeza e higiene em todas as cidades.
Segundo dados do último Censo Escolar, produzidos pelo INEP, desde março de 2020 cerca de 48 milhões de estudantes deixaram de frequentar as atividades presenciais nas mais de 180 mil escolas da educação básica espalhadas pelo Brasil como forma de prevenção à propagação do coronavírus. Muitos municípios não possuem estrutura de tecnologia para oferta de ensino remoto e nem todos os professores têm a formação adequada para dar aulas virtuais.