Campanha Nacional pelo Direito à Educação mobiliza doações para comunidades atingidas do Amapá

Com apagão, escolas de Macapá se organizam para distribuição de água e itens de primeira necessidade; Campanha pede doações para escola que se tornou centro de distribuição

Após o sétimo dia seguido de apagão que acometeu quase 90% da população do Amapá, a situação ainda é dramática em grande parte do Estado. 

Com a falta de eletricidade, houve problemas no fornecimento de água potável e nas telecomunicações, além de filas nos postos de combustíveis e prejuízos ao comércio, em 13 das 16 cidades do Estado.

“O pior de tudo que estamos vivendo é o aumento do valor de tudo, sobretudo, da água mineral e combustível. Filas para tudo que imaginarem”, relata Antônia Andrade, professora da UNIFAP (Universidade Federal do Amapá) e coordenadora do Comitê AP da rede da Campanha.

E as escolas, que se tornaram centros de distribuição de água potável na capital, Macapá, precisam de doações para entregar alimentos e itens de higiene às comunidades escolares mais atingidas.

É o caso da escola municipal Ana Maria da Silva Ramos, do bairro do Zerão, da zona sul de Macapá. A Secretaria Municipal de Macapá disponibilizou um caixa escolar para doações em dinheiro. Mantimentos adquiridos com a verba vão ser distribuídos em várias regiões da cidade, priorizando áreas em maior situação de vulnerabilidade social.  

“Vamos agir em rede, com urgência, para apoiar as comunidades que estão em situação de emergência. Articulamos com o Comitê AP da Campanha e vamos mobilizar doações de todo o país para apoiar as escolas, que se tornaram importante ponto de distribuição de água e de apoio para as populações em maior situação de vulnerabilidade. Nosso trabalho é pela garantia de direitos e justiça social e a educação tem papel primordial nisso; vamos agir”, comentou Andressa Pellanda, coordenadora geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação.

O Comitê AP da Campanha, em diálogo com a secretaria municipal de educação de Macapá, levantou dados de escola que tem sido centro de organização das doações para distribuir água e demais itens de primeira necessidade. Assim, a Campanha Nacional pelo Direito à Educação solicita doações e divulgação dessa mobilização de forma urgente e ampla.

DOE PARA AS COMUNIDADES ESCOLARES DE MACAPÁ (AMAPÁ) 
EMEF Ana Maria da Silva Ramos 
Agência:  28258
Conta: 1094033
CNPJ:  07517904000138
Banco do Brasil

“Muitas pessoas estão tentando comprar passagem para sair do Estado. Uma passagem para Belém, que custava R$ 300, hoje subiu para R$ 6 mil. Estamos vivendo uma corrida para comprar gerador de energia, que custava R$ 1.500; hoje está R$ 5 mil. Enfim, o caos está instalado aqui no meio do mundo. Tudo isso, por conta de governos irresponsáveis que não planejaram, de reserva, estratégias de engenharia para o problema apresentado”, afirma Antônia Andrade.

Descaso e falha de empresa privada
A queda de energia elétrica que deixou 765 mil pessoas desassistidas ocorreu quando um raio atingiu a principal subestação de energia elétrica do estado na terça-feira (3).

O incidente aconteceu em um equipamento da empresa privada Isolux, que é concessionária da transmissão de energia local. 

No domingo (8), a Justiça Federal deu 3 dias para Isolux solucionar a falta de energia, com multa de R$ 15 milhões caso não cumpra a determinação.

Segundo a coluna Painel, da Folha de S.Paulo, aliados do Presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), acreditam que os planos de privatização da Eletrobrás - companhia estatal formada por centenas de empresas - no país estão “enterrados” com a falha da empresa privada.

O governo Bolsonaro prevê a volta do sistema apenas no próximo final de semana, sem dia definido. O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, afirmou à Rádio CBN que “não há possibilidade” de cumprir a determinação judicial até esta terça-feira (10).

Com apenas 70% do sistema elétrico restabelecido, a Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA) fixou rodízio, somente a partir do sábado (7), com duração de 6 horas por região, para cobrir todo o estado. Porém, há locais onde a energia voltou por apenas 2 horas.

Apesar de o incidente ocorrido ser responsabilidade da empresa privada Isolux, foram os governos federal e estadual, além da estatal CEA, que precisaram atuar para providenciar o conserto, concluído na madrugada de sexta para sábado.